sábado, 29 de outubro de 2011

Mídia – inimiga ou aliada?


Os meios de comunicação atualmente dependem do esporte para atrair pessoas que consumam seus produtos assim como o esporte profissional depende da mídia para viabilizar patrocinadores de eventos, clubes e atletas.
Para conseguir vender a si própria, a mídia utiliza diversas estratégias para espetacularizar o modo como entendemos, apreciamos e praticamos o esporte  não se interessando em estimular a prática esportiva.
Sabemos que a televisão é um dos meios mais difundidos na sociedade devido à sua praticidade e facilidade de acesso às mais diversas classes sociais. Por isso, a mídia investe muito para que as imagens tenham o impacto desejável. Como por exemplo, o enquadramento das câmeras, a edição das imagens, os comentários que interpretam para o espectador aquilo que ele está vendo.
Estas estratégias ultrapassam as fronteiras da televisão, através da repercussão dos programas e noticiários esportivos, as matérias jornalísticas, as colunas de opinião nos jornais e revistas, as entrevistas polêmicas com os atletas, entre muitos outros aspectos. Como por exemplo, a exploração da publicidade e da propaganda de além de materiais esportivos, diversos produtos e serviços das mais variadas áreas.
A Educação Física aposta no desenvolvimento da capacidade crítica dos alunos diante das mídias através da análise critérios que presidem os reais interesses da mídia no esporte  compreensão da posição de leitor, telespectador e torcedor, assim como do fenômeno esportivo propriamente dito.
Para isso a Proposta abordada apresenta Situações de Aprendizagem que possibilitam ao aluno reconhecer as diferenças entre assistir um evento esportivo pela televisão e presencialmente, assim como reconhecer as características e tendências da falação nos meios de comunicação.

Por _Berdusco

Abordagem dos conteúdos na Educação Física Escolar


As concepções que tenho sobre os processos de ensino e aprendizagem na área da Educação Física não fogem muito daquelas apontadas pela Proposta Curricular do Estado. Contudo, o que me chamou a atenção foi o foco da aprendizagem estar voltado a intencionalidade do sujeito que se movimenta e no sentido do Se-movimentar. Principalmente, quando se trata de iniciar os processos de ensino através das razões do fazer, dando sentido aos modos de fazer.
Sinceramente eu não havia parado para pensar desta forma e não adotava esta postura durante as minhas aulas. Algumas atividades se assemelham como o "manejo de corpo", "manejo de bola", entre outros, com as situações do "eu-bola", "eu-bola-colegas", e assim por diante. Mas o diferencial é refletir sobre essas práticas, atribuindo-lhes mais do que o objetivo final do desenvolvimento motor.
Este tratamento dado aos esportes coletivos evita as situações de exclusão porque não rotula os alunos, não os seleciona pelas habilidades individuais, por performance, rendimento, ou até mesmo por diferenciações de gênero. O que acontece é a valorização de cada aluno como indivíduo que se movimenta, que traz características, bagagens e vivências que ressignificam a concepção do se-movimentar coletivo.
Portanto, não é viável privilegiar o gesto técnico no percurso de aprendizagem, pois o aluno acaba perdendo tudo o que o esporte pode proporcionar no âmbito da cultura corporal  aprendizagem significativa.


Por _Berdusco

Avaliação Integrada – um exemplo na aprendizagem do Voleibol


   A Atividade Avaliadora acontece de forma integrada, em diversos momentos durante as situações de aprendizagem, sem que haja a necessidade de reprodução de métodos classificatórios e eliminatórios de avaliação.
Quando propomos situações características da modalidade voleibol, apresentando-as como problemas a serem discutidos, vivenciados e solucionados pelos alunos (por escrito ou demonstrados na quadra), estamos permitindo com que os alunos demonstrem, de forma verbal e não verbal, informações ou indícios de que aquele conhecimento foi internalizado.
Os dados podem não só quantitativos como também qualitativos, como acontece quando avaliamos a capacidade dos alunos para pensar taticamente o voleibol. Portanto, a execução perfeita das ações específicas do jogo ou a consecução do ponto após a ação não devem ser valorizadas. E sim se os alunos compreendem a situação de jogo proposta e suas iniciativas para solucioná-la.
Os procedimentos não precisam ser isolados, sabendo-se que é importante que os alunos atentem para a organização tática coletiva do voleibol, e isso pode acontecer pela descrição de situações reais de partidas, colocando os alunos como árbitros e pedindo a sua opinião. Assim como quando sugerimos aos alunos que assistam às imagens de como eles mesmos jogavam para que possam analisar as próprias ações – quando este recurso for disponível. Entre outras situações que podem ser criadas para observar as condutas dos alunos.
Por último, temos a possibilidade de questionar os alunos de maneira informal oferecendo questões em forma de gincana, para que os vários grupos respondam às questões, contando pontos para as respostas certas – retomando as regras do voleibol.

Por _Berdusco

Contemporaneidade X Esportes Radicais X Esporte Adaptado

   No desenvolvimento do tema Esporte Adaptado, podemos relacionar aspectos contemporâneos como a valorização atual das políticas de inclusão. Assim como também esta realidade foi transmitida ao esporte, já que existem diversas modalidades esportivas que são praticadas por pessoas com algum tipo de deficiência. Desta maneira a mídia tem trazido muitas reportagens e transmissões de competições, especialmente durante a realização de grandes eventos desportivos como os Jogos Paraolímpicos e a ascensão do esporte adaptado nas escolas com a Paraolimpíadas escolares.
Quando relacionamos o eixo "Contemporaneidade" com o tema Esportes Radicais, devemos enfatizar que a globalização não é apenas econômica, mas também cultural. Sabendo-se que o advento dessas práticas é bastante significativo nesse processo, pois leva ao extremo a experiência corporal do risco, da liberdade e da aventura. Se opondo aos padrões corporais e os estereótipos de sedentarismo promovidos pela televisão e a internet. Portanto, os esportes radicais reúnem certos grupos socioculturais, com "estilos de vida" próprios.
As Situações de Aprendizagem do tema Esporte Adaptado pode contemplar a compreensão sobre a dinâmica das modalidades, a vivência de situações inabituais e a adaptação de jogos e modalidades. E os Esportes Radicais podem abordar a classificação dos mesmos, a vivência de situações adversas e a identificação de diferentes formas de agir e pensar.
Em ambos os temas também é interessante que haja pesquisas, discussões sobre filmes, entrevistas e atualidades, assim como encenações e reflexões que possam ressignificar o Se-movimentar dos alunos.

Por _Berdusco

Esporte Adaptado na Educação Física Escolar


Assim como em outras modalidades esportivas, na abordagem do conteúdo Esporte Adaptado, também se pode fazer uso dos princípios operacionais e das unidades funcionais, além de pesquisas, análise de filmes e diversas atividades de vivência que possam tornar os processos de aprendizagem mais naturais quando se trata da compreensão do esporte também como componente do Se-movimentar das pessoas com deficiência, mediante algumas adaptações.
Através dessas Situações de Aprendizagem, espera-se que os alunos desenvolvam as seguintes competências e habilidades:

  • Identificar a dinâmica dos jogos, seus processos históricos e suas regras básicas;
  • Identificar e perceber diferentes sensações corporais, provenientes de limitações sensoriais e motoras;
  • Compreender e valorizar as características pessoais e interpessoais na prática de modalidades esportivas e jogos adaptados;
  • Reconhecer as potencialidades de adaptação que existem em várias modalidades esportivas e jogos adaptados;
  • Unir e aproximar pessoas com diferentes características e necessidades;
  • Defender a participação nessas práticas, de todas as pessoas, sem qualquer discriminação;
  • Interagir com essas práticas de forma autônoma e crítica.
Por _Berdusco

Evolução na aprendizagem significativa do esporte na escola


 No início do processo de aprendizagem, o posicionamento dos alunos se encontra na fase anárquica.
Partindo dessa situação, como observado em diversas situações de aprendizagem, pode-se fazer um vídeo para registrar a maneira como os alunos se organizavam. Pois é muito prazeroso quando os alunos percebem como iniciaram a prática e onde conseguiram chegar. Além de se aproveitar as vivências anteriores e a forma como os alunos compreendem inicialmente a dinâmica do jogo.
Também é importante que os alunos conheçam os processos históricos e as principais regras da modalidade, que justificam o ritmo e as características de jogo.
Organizar o processo de aprendizagem de acordo com as unidades funcionais é uma ótima opção em detrimento do ensino dos fundamentos isolados de determinada modalidade, sem que haja relação com a situação real de jogo. Através desta estratégia o aluno consegue perceber claramente a relação entre a técnica e a concretização da tática – consequentemente o Se-movimentar ganha o seu sentido.
Durante esses momentos, fica mais fácil que o aluno reconheça as situações de defesa e ataque, permitindo com que avance de forma mais natural para as outras fases de desenvolvimento do jogo.
Essas práticas permitem com todos os tipos de aluno participem da aula sem que haja diferenciação e comparação entre quem faz melhor ou pior. O objetivo é que cada um, com suas características, contribua para que haja uma ação inteligente e cooperativa em direção a um mesmo alvo.
Assim como os alunos passam a observar o espetáculo esportivo com mais critérios de seleção de informações, analisando jogadas e movimentos específicos do jogo, além da aplicação das regras, a supervalorização dos jogadores e as narrações sensacionalistas.

Por _Berdusco

Indissociabilidade das dimensões técnica e tática nos esportes individuais


Em contrapartida a concepção tradicionalista de que nos esportes individuais há uma ênfase ainda maior no desenvolvimento isolado das técnicas de movimento, também há a indissociabilidade entre a técnica e a tática.
Sabemos que nesse caso não é possível dividir a responsabilidade das ações com outros parceiros de equipe – o que faz com que o resultado dependa somente dos erros e acertos do próprio atleta –, mas é preciso compreender que cada movimento tem seu motivo, seu significado para acontecer naquele determinado momento.
Podemos tomar como exemplo a Ginástica Artística. Apesar de ser uma modalidade individual, não é possível executá-la sem que haja a preocupação com a tática.
Por exemplo, quando um atleta escolhe sua série de solo, ele deve decidir quais movimentos deverá executar de acordo com o nível de seus adversários, suas condições físicas, suas potencialidades e dificuldades.
Segue abaixo algumas situações:
  • Nível dos adversários: escolher uma sequência de movimentos que seja de dificuldade suficiente para conseguir os pontos necessários para a classificação, seja por equipe, individual ou por aparelho;
  • Condições físicas: pode-se optar por enfatizar elementos de força, de flexibilidade, equilíbrio, entre outros;
  • Potencialidades e dificuldades:  Nesta modalidade, o atleta não é obrigado a ser impecável em todos os aparelhos, portanto, pode economizar energia em um aparelho que não é sua especialidade, e se esforçar ao máximo naquele que mais tem habilidade.
Por _Berdusco

Educação Física e Apreciação do Espetáculo Esportivo


Sabendo-se que a Cultura Corporal de Movimento está presente em todas as atividades do cotidiano, é preciso enfatizar o uso das mídias como veículo esportivo. Portanto, a Educação não deve desconsiderar a influência que o jornal, a internet, o rádio e principalmente a televisão possuem na difusão do fenômeno desportivo.
Em primeiro lugar, não devemos considerar a televisão inimiga dos processos de aprendizagem, e sim como aliada na compreensão de todos os aspectos das modalidades esportivas. Pois, por ser altamente acessível, ela é o primeiro contato que o aluno tem para formular suas concepções.
Cabe às aulas de Educação Física fornecer espaço para colocar em discussão a maneira como as informações são transmitidas e como realmente é a rotina do esporte de rendimento.
Construído o processo de associação entre técnica e tática, os alunos podem começar a observar o jogo de forma crítica, apontando potencialidades e fraquezas de cada equipe, assim como a coerência nas decisões das jogadas, a aplicação das regras e qual as vantagens e desvantagens da atribuição demasiada de responsabilidade nas jogadas individuais, por exemplo.
Os alunos também podem usar da encenação para colocar-se ora no lugar de jogadores ou narradores, ora de torcedores ou técnicos e vice-versa. Também podemos solicitar que assistam a um trecho de um jogo que fora considerado polêmico sem narração alguma, para que façam suas observações. Logo após pede-se que ouçam a narração televisiva e do rádio para que reconheçam a diferença entre cada uma das visões sobre o mesmo jogo.
Lembrando sempre que é importante despertar o interesse pela pesquisa e busca de informações que possam subsidiar a compreensão sobre a forma como o esporte era apresentado e como se apresenta nos dias de hoje.
Por _Berdusco

Simultaneidade e Pluralidade no Desenvolvimento de Conteúdos


         A simultaneidade no desenvolvimento dos conteúdos se dá devido à relação constante entre conteúdos e temas. Tendo a possibilidade de unir os conteúdos culturais, as vivências, os conhecimentos prévios para gerar novas significações. Como o currículo não se restringe somente a captação de conceitos, princípios, teorias e práticas, permite trabalhar uma infinidade de temas que se inter-relacionam de diversas maneiras de forma criativa, significativa e crítica.
       Já a pluralidade, relaciona os conteúdos com o contexto no qual estão inseridos levando em conta o mundo que está em volta dessas culturas, assim como a percepção sobre questões políticas, históricas e sociais. Portanto,  existem diversas formas de se trabalhar o mesmo tema de acordo com os conhecimentos prévios, as oportunidades da mídia, por exemplo, e o contexto de cada aluno – favorecendo a valorização do patrimônio cultural da sociedade e a maneira como cada aluno expressa o Se-movimentar.

Por _Berdusco

Educação Física como componente da área de Linguagens e Códigos e suas Tecnologias


       Quando relaciono a Educação Física à área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias tenho a sensação de alívio! Finalmente estamos falando em movimento como linguagem. 
Segue abaixo alguns significados da palavra linguagem no dicionário Aurélio.
       "s. f. Faculdade que têm os homens de comunicar-se uns com os outros, exprimindo seus pensamentos e sentimentos por meio de vocábulos, que se transcrevem quando necessário (...) Linguagem natural, o conjunto de sinais que se empregam e interpretam indistintivamente (como a fala, o grito, os olhares, os gestos etc.)."
      Educação Física é muito mais do que aperfeiçoamento de técnicas e repetição de movimentos. Educação física é a fala própria que se constrói na mídia, na rua, na roda de conversa, nos clubes, nas quadras, nas salas de aula, entre muitos outros. É o grito de emoção, de liberdade, de pertencimento e de quebra de barreiras. Está em cada gesto do jogo ou nos olhares de cortesia ao tratar as pessoas do convívio e as regras da vida.
     Dando ênfase ao sujeito que se movimenta o professor proporciona diversas manifestações da Cultura Corporal, permitindo com que todos em determinado momento consigam se reconhecer dentro do contexto daquela prática. O que desperta o interesse e a participação ativa dos alunos. Assim como o professor, que se sente mais valorizado e também responsável por todos os aspectos que constituem o desenvolvimento do aluno, não apenas o domínio motor.


Por _Berdusco

domingo, 2 de outubro de 2011

ENEM, SARESP, ENADE, Prova Brasil... Pra quê?


Tendo conhecimento de que os sistemas de avaliação em larga escala produzem dados em quantidade e qualidade necessárias para construir indicadores que permitem classificar escolas, municípios e Estados quanto ao seu grau de desenvolvimento educativo, pode-se afirmar que estes estão diretamente ligados a implementação de um currículo relevante para as necessidades constatadas.
Conhecendo as características de cada sistema e a forma como eles têm sido organizados, permite com que se reúnam dados coerentes com os reais problemas recorrentes do aprendizado e os fatores associados à aprendizagem, sejam eles extrínsecos ou intrínsecos ao processo educacional.
Estas evidências sobre o que dá certo e o que não dá são o instrumento para subsidiar as políticas públicas, orientando oficinas pedagógicas e programas de formação continuada de professores e coordenadores pedagógicos, por exemplo.
Portanto, avalia-se o que os alunos estão aprendendo, o quanto estão aprendendo ou o que deveriam ter aprendido, em relação aos conteúdos e habilidades estabelecidas no currículo – lembrando que avalia o sistema de ensino, e não o aluno propriamente dito. Assim como aponta as forças e debilidades do projeto pedagógico da escola e do trabalho da equipe escolar.
Através da observação e compreensão sobre as dificuldades de professores e alunos na implementação do currículo, o sistema de avaliação de larga escala permite aos tirar lições importantes dos efeitos de suas decisões e apontar estratégias e recursos que possam ser mobilizados para a superação das dificuldades encontradas.
Dessa forma, se torna um referencial para o currículo porque estabelece prioridades na hora de abordar as áreas de atuação mais relevantes para alcançar os objetivos da política educacional concomitante as da escola como instituição individual. Canalizando todos os recursos disponíveis e os esforços para a melhoria da qualidade das aprendizagens conquistando metas anuais e de longo prazo.
Enfim, muito mais que um sistema classificatório, as avaliações em larga escala se tornam referenciais para o currículo de forma que dialogam com a escola, proporcionando um ponto de partida para superar dificuldades e evoluir potencialidades para que haja uma melhoria constante. Mas para isso é necessário fazer uso coerente dessas informações, pautando a avaliação no currículo e aperfeiçoando o mesmo a partir dos resultados da avaliação.

Por _Berdusco

Dicas sobre avaliação


Procuro sempre avaliar de diversas maneiras, utilizando todas as ferramentas que encontro a favor do aluno.
Por exemplo, gosto de proporcionar debates, discussões, 'quiz', seminários e muitos trabalhos em grupo. Gosto de perceber como o aluno se manifesta quando confrontado com desafios que o faz mobilizar os conteúdos que aprendeu assim como as experiências que carrega consigo.
Claro que também utilizo as técnicas tradicionais de avaliação. Pois acredito que por mais que o professor tenha diversas maneiras de avaliar, o mundo lá fora cobra o "tradicional". Como o que acontece frequentemente em exames classificatórios para entrevista de emprego, vestibulares, provas de concurso público, processos de avaliação em universidades, entre outros.
O diferencial está em fazer o aluno se sentir preparado para enfrentar estes desafios – isto é, através de práticas que levam em consideração as particularidades de aprendizagem para que os conteúdos sejam internalizados pelos alunos através da mobilização de forma não-artificial de competências e habilidades.

Convencer o aluno de que seu aprendizado independe da cor do boletim é uma tarefa realmente difícil.
Contudo, é preciso ter paciência e não esperar que estas atitudes apareçam em um mês de aula. Lembrando que a cultura da classificação seriada é ainda predominante, portanto não é possível simplesmente modificá-la de um dia para o outro.
Sinceramente, acredito que um bom trabalho fala melhor do que um discurso bem preparado. O ensino e a aprendizagem não são totalmente previsíveis. Atualmente uma visão comportamentalista deste processo não cabe na relação que se estabelece entre aluno, professor e escola.
Quando o aluno se sente motivado em participar, se interessa e vê o interesse do professor, estes eventuais questionamentos começam a se esclarecer. E isso só acontece quando com perseverança e dedicação se criam laços de respeito e confiança no trabalho e nos critérios do professor.
Meu posicionamento pode soar como utopia, mas se não acreditarmos que o nosso trabalho pode transformar a sociedade temos de repensar se merecemos o título de professores.

Por _Berdusco

Integração X Inclusão


Apesar de em muitas instituições de ensino ainda predominar as concepções da perspectiva integracionista, muitas outras vem adotando a perspectiva da inclusão como eixo norteador das ações pedagógicas e da convivência escolar.
Isso aconteceu porque se notou que a perspectiva integracionista possui uma visão individualizada do aluno com necessidades especiais. O que o torna um sujeito a parte dos processos sociais da escola. Já a perspectiva da inclusão vem de encontro com a concepção deste aluno como sujeito que possui direito de igualdade tanto em seus direitos com em seus deveres como cidadão.
Em contrapartida ao modelo integracionista que buscava na medicina diagnosticar e rotular o aluno conforme suas limitações, a inclusão se baseia nos processos relacionais acima do diagnóstico. Conhecer e conviver é a maneira de reconhecer as potencialidades e trabalhar em cima delas.
A perspectiva integracionista se limita a oferecer condições e recursos mínimos para possibilitar a aprendizagem sem atrapalhar os alunos ditos 'normais' – uma atividade diferente, uma lição mais fácil, deixar o aluno só observando etc. Já a perspectiva da inclusão proporciona aos alunos com necessidades especiais o direito de frequentar e produzir em salas regulares sem ser considerado um atrasado na turma.
Na primeira concepção, cabia a família e ao próprio aluno a responsabilidade por estar integrado na escola. Atualmente, é dever da escola se adequar para recebê-lo, seja nas estruturas arquitetônicas, materiais adaptados, transporte, professores capacitados, outras formas de comunicação, projetos, abordagens e discussões, entre outros.
Assim como os programas integracionistas possuem um foco voltado apenas para o atendimento destes alunos, como se os demais também não tivessem suas limitações, suas necessidades, conflitos etc. Já na proposta da inclusão todas as ações educacionais visam abranger toda a comunidade escolar, conscientizando alunos, professores, familiares e funcionários sobre a problemática da falta de respeito às diferenças e refletindo sobre métodos e estratégias de ensino que possam proporcionar um ambiente produtivo de aprendizagem e convivência dentro e fora da escola. Para que todos possam aprender e participar juntos, sem discriminação. Tornando as diferenças e semelhanças valores que constituem o ser humano e não motivo de exclusão e intolerância.

Por _Berdusco

Algumas considerações sobre Inclusão


Quando falamos sobre alguns tipos específicos de deficiências é preciso que a escola tenha condições mínimas de acessibilidade e adequação de estruturas arquitetônicas no caso de deficiência motora ou mobilidade reduzida.
Mas quando se trata da postura docente, é preciso que o professor busque conhecer a deficiência e isso não depende somente de sua formação acadêmica inicial, mas de uma formação contínua e pautada no desejo de buscar o máximo de informação que possam ajudar nas suas ações. Como por exemplo, no caso da inclusão de alunos surdos. Eu não tive aulas de Libras na universidade, mas atualmente busquei um curso que já faço há um ano e meio para aprender o mínimo que possa auxiliar a comunicar-me com este público. Sei que nem sempre terei um intérprete disponível em sala de aula, portanto é sempre bom estar preparada.
Isso também vale para a adequação de materiais de apoio. Como observamos no vídeo do CAPE e nos depoimentos de alguns colegas, existem maneiras da escola buscar estes tipos de recursos. Mas também é possível que o próprio professor, com criatividade e ciente das necessidades dos alunos, crie materiais alternativos e que podem suprir perfeitamente estas demandas.
Assim como não podemos esquecer-nos da importância das salas de apoio, dos psicólogos e do atendimento educacional especializado para que o aluno possa usufruir de todos os recursos disponíveis, se reconhecendo tanto com seus semelhantes quanto com os diferentes.
Agora falando na realidade de sala de aula, com base em experiências anteriores, acredito que proporcionar o sentimento de pertencimento em determinada turma é o primeiro passo para que os alunos compreendam o outro e possam agir de forma mais natural com o "diferente". A importância do trabalho em grupo se eleva à medida que o método individualizado por muitas vezes expõe as dificuldades e quando ocorre isso, as intervenções se tornam repetitivas e incômodas. Pois um ambiente agradável de aprendizagem é aquele em que o aluno sente vontade de participar e entende a importância que ele e os demais têm perante o coletivo. E isso só acontece com um árduo trabalho de conscientização e constante diálogo. Lembrando que isso não acontece do dia para a noite, é preciso ter paciência.
Conhecer o contexto familiar desses alunos também é importante, pois é preciso saber como a família lida com esta realidade. De forma que a esfera familiar é determinante na forma como o aluno se relaciona fora de casa. Se é tratado como incapaz pela própria família, se sentirá assim também na sociedade. E contrapartida, quando vivencia um ambiente de igualdade, consegue encarar todos os desafios de forma natural.
Enfim, todos os conceitos e teorias são válidos, mas o que se torna mais importante é a experiência do professor aliada à capacidade de também aprender com os alunos.

Por _Berdusco

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