segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Matemática: A Aprendizagem da Contagem e o Ensino Sobre Espaço e Forma




  • Afirmar que se a criança conhece a sequência numérica ela já sabe fazer a contagem é uma concepção incorreta.
    Pois apesar de o conhecimento da sequência numérica ser o primeiro passo para a aprendizagem efetiva da contagem, quando a criança ordena, faz nomeação ou a contagem oral recitando a sequência numérica não significa que ela se apropriou finalmente da mesma, isto é, esse processo se dá pela imitação do adulto — ato que deve ser estimulado, mas não considerado fim em si mesmo. Assim como ocorre na correspondência biunívoca e recíproca e na inclusão hierárquica de classes, onde conhecendo a sequência numérica, a criança indica um nome a cada elemento da coleção ou faz a separação de pares ou ainda conta os objetos acrescentando aos mesmos um subsequente na progressão n+1.
    Portanto, só quando a criança estabelecer uma síntese entre a contagem de elementos e a quantidade total representada, seja na forma oral ou escrita, isto é, compreender que cada elemento é independente na soma mas compõe a quantidade total — princípio da invariância numérica —, ela se apropriará da contagem de maneira efetiva.
    Já o trabalho envolvendo espaço e forma não deve limitar-se ao reconhecer e nomear as formas geométricas, pois apenas memorizar nomes e formatos não possibilita à criança a exploração de figuras planas e tridimensionais e principalmente não considera que a criança se encontra em um universo perceptivo e sensível, mas não representativo.
    Ou seja, assim como no ensino da contagem em matemática, a aprendizagem do conteúdo espaço e forma não deve partir da reprodução de imagens e reconhecimento das mesmas em diversas representações. Para que haja aprendizagem significativa, o estudo sobre espaço e forma deve estar atrelado à diversas situações do dia-a-dia, dando ao aluno autonomia, por exemplo, nas questões de localização e na consolidação das noções de direção, sentido, distância, ângulo, entre outras. E este processo só de dá de maneira efetiva, quando a criança relaciona o conhecimento geométrico de forma contextualizada e real, e não apenas mera repetição e reprodução de informações e imagens.

    Por _Berdusco

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Filme "A Lista de Schindler" — Resumo

          Durante a Segunda Guerra Mundial, no mês de setembro de 1939, em aproximadamente duas semanas, as forças alemãs derrotaram o exército polaco. Com a derrota, os judeus tinham ordem de relacionar todos os membros da família e mudar para as grandes cidades. Mais de dez mil judeus chegavam diariamente a Krakow.
          Como forma de organização e, certamente, de discriminação perante a sociedade alemã, os judeus passaram a ser reconhecidos através da estrela de Davi, símbolo que deveriam usar junto às vestes onde quer que fossem, do contrário, seriam executados imediatamente.
          O Conselho Judeu (Juderant) era composto por 24 judeus eleitos, responsáveis pelo cumprimento das ordens do regime em Krakow, como fazer listas de tarefas, alimento, moradia e registro de queixas diversas.
          O decreto 44/91 estabelecia um distrito judeu fechado ao sul do rio Vístula e o dia 20 de março de 1941 foi definido como prazo final para a entrada dos judeus no gueto. Com a obrigatoriedade de viver no gueto murado, todos os judeus de Krakow e adjacências foram forçados a sair de suas casas e viver espremidos em uma área de dezesseis quarterões.
          Oskar Schindler, membro do partido nazista, nasceu em Zwittow-Brinnlitz, na Checoslováquia, no ano de 1908. Era um homem agradável, um cidadão de negócios e possuía grande poder de persuasão. Em 1941, Schindler fundou a D.E.F., uma fábrica de panelas onde contratava judeus como operários. Sendo assim, não permitia que os nazistas executassem seus operários e com isso criou um forte vínculo com os judeus.
          No inverno de 1942, o gueto de Krakow havia se tornado uma 'cidade judia'. Onde os empregados civis e operários de indústria eram separados da população que representava a mão-de-obra excedente, como velhos e doentes. No mesmo ano se iniciou a construção do campo de concentração de Plaszow, para onde pretendiam transferir os judeus de Krakow.
           No dia 13 de março de 1943, os alemães invadiram o gueto de Krakow, executando os judeus que se negassem a abandonar o local, e transformaram Plaszow num campo de trabalhos forçados, onde construíram uma metalúrgica.
           Em abril de 1944, o Departamento D ordenou que Amon Goeth, um nazista insano e inescrupuloso, exumasse e incinerasse os corpos de mais de dez mil judeus mortos em Plaszow e no massacre do gueto de Krakow. Com isso, Schindler perdeu muitos de seus operários judeus e então decidiu fundar uma suposta fábrica de munições, onde fez uma lista de seus trabalhadores "essenciais", pagando por cada um deles. Schindler não teve nenhum lucro com este ato, pois na realidade queria salvar aquele povo da morte que seria inevitável se ele não subornasse os nazistas.
           Durante seus sete meses de funcionamento, a fábrica de munições Schindler's Brinnlitz foi um modelo de improdutividade. Ele gastou milhões de marcos para sustentar seus trabalhadores e subornar oficiais Reich. Após a guerra, Schindler viu seu casamento acabar, assim como presenciou a falência de vários negócios. Em 1958, foi declarado um Honorário pelo Conselho de Yad Vashen em Jerusalém, e convidado a plantar uma árvore na Avenida dos Justos, que ainda cresce no mesmo local.
           Amon Goeth foi preso quando estava num sanatório em Bad Tolz e foi enforcado em Krakow acusado de diversos crimes contra a humanidade.
           Mais de seis milhões de judeus foram assassinados durante o período nazista, e atualmente restam menos de quatro mil judeus vivos na Polônia. Entretanto, a expressão hebraica citada no filme "Do Talmud", que significa "aquele que salva uma vida, salva o mundo inteiro", exemplifica perfeitamente o ato de Schindler. Das 1.100 pessoas que salvou, hoje em dia restaram mais de seis mil descendentes.
           Oskar Schindler faleceu no ano de 1974, mas sua trajetória, sua coragem e amor pelo próximo nunca morrerá na memória daqueles que sofreram os horrores do nazismo.

Por _Berdusco (Texto encontrado no baú das memórias – escrito em 2007)

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Filme “Adeus, Lenin” — Resumo


           A trama se inicia em 1978, quando no dia 26 de agosto os alemães tornaram-se parte da elite mundial com a expedição espacial do astronauta Sigmund Jahn da Alemanha Oriental — o primeiro alemão no espaço.
            Em 1979, a Alemanha Oriental era uma pátria socialista e neste regime político vivia Cristiane Kerner, uma ativista do progresso social, empenhada em manter as bases do socialismo no país.
            A senhora Kerner tinha dois filhos, Ariane e Alexander, cujo pai, Robert, havia partido para o leste na Alemanha Ocidental, considerada opositora por ter inclinações democráticas e consequentemente capitalistas.
            No dia 7 de outubro de 1989 foi comemorado o aniversário de 40 anos da RDA (República Democrática Alemã). Apesar da comemoração, diversos manifestantes saíram às ruas em protesto e devido a essas e agitações, a senhora Kerner sofre um enfarto e fica em coma.
            Entre 1971 e 1989 a RDA foi dirigida por Erich Honeker. Mas após as revoluções populares, a queda do muro de Berlim e a separação das nações, Honeker renunciou o cargo de secretário geral do Partido da Unidade Socialista e à presidência do Conselho de Estado da RDA.
            No dia 9 de novembro de 1989, milhares de manifestantes derrubaram o muro de Berlim. E a partir daí ocorreram as primeiras eleições livres, a ascensão do capitalismo e a queda do proletariado.
            Após oito meses em coma, a senhora Kerner não imaginava que restaram apenas ruínas da república socialista que tanto lutara para preservar.
            Em junho de 1990, as fronteiras com a RDA já não tinham mais valor e a Alemanha Oriental não tinha mais chances de reunificação. Em julho de 1990, os supermercados da pátria socialista estavam vazios e a moeda nacional foi modificada para o marco ocidental, que valia duas vezes mais.
            Após recuperar-se do coma, a sra. Kerner mantinha um quadro instável de saúde e qualquer transtorno poderia ser fatal. Sendo assim, Alexander, seu filho, decidiu esconder todos os acontecimentos políticos ocorridos durante os oito meses em que ela esteve em coma. Pois se soubesse da queda do socialismo, certamente não sobreviveria.
            Para esconder a verdade, Alexander foi alem das possibilidades forjando uma realidade inexistente. Para isso isolou-a das notícias da imprensa, dos produtos comercializados de outras províncias e das pessoas que faziam parte da nova nação.
            Alex consegue contar sutilmente as novidades da política nacional à sua mãe, mas ela viveu pouco neste novo mundo capitalista, pois ela faleceu dias após saber das ‘meias verdades’.
            A Alemanha Oriental e Ocidental assinaram acordos e Moscou foi a mediadora da amizade entre as duas. E após a reunificação, restou apenas uma nação: a República Federal da Alemanha.
            Apesar de retratar a trajetória histórica da Alemanha, o filme trata do amor e suas diversas faces: amor de uma cidadã pelos direitos da sociedade e o futuro da nação e o amor de um filho que luta contra o sistema para preservar a vida da mãe.

Por _Berdusco (Texto encontrado no baú das memórias – escrito em 2007)

Filme “O Que é Isso Companheiro?” — Resumo


Em 1964, o governo democrático do Brasil é subvertido em uma ditadura militar. No ano de 1968, a junta militar que governava o país suspendeu todos os direitos civis e a liberdade de expressão, e as cadeias ficaram lotadas de presos políticos e as ruas de manifestantes.
Apesar da repressão, nunca deixou de haver oposição ao regime militar. Na linha de frente da revolta estavam os estudantes, que criavam movimentos estudantis a favor do retorno da democracia.
O filme destaca um grupo em especial, o Movimento Revolucionário Oito de Outubro, conhecido como MR-8. Este grupo marcou o início da luta armada, que se concentrou principalmente nas cidades, por isso ficou conhecida como guerrilha armada.
Os integrantes do MR-8 preservavam sua identidade utilizando nomes falsos. Assaltavam bancos com o objetivo de financiar a luta armada e garantir a sobrevivência dos militantes. Não tinham apoio popular, pois a ditadura militar fazia forte propaganda nos meios de comunicação, retratando-os como terroristas.
O isolamento de grupos como o MR-8 permitiu que aos poucos fossem liquidados pelos órgãos de repressão e o serviço de informação secreto, onde usavam a tortura como principal instrumento de humilhação e ameaça aos revolucionários.
            Ainda em 1969, o MR-8 intensificou sua luta seqüestrando Elbrick, embaixador dos Estados Unidos da América. Em troca, exigiram a libertação de quinze presos políticos e a publicação de um manifesto na imprensa e quebra de sigilo imposto pelo governo.
            Diante das circunstâncias, o governo acabou cedendo, mas baixou uma lei que estabelecia a pena de banimento dos revolucionários.
            No dia 7 de setembro de 1969, os quinze presos são libertados e deportados para a cidade do México, assim como os integrantes do MR-8, que após um mês foram deportados para a Argélia. Dentre os revoltos encontrava-se Fernando Gabeira e outros importantes cidadãos da política contemporânea.
            Seis meses após o seqüestro do embaixador, ele retornou aos EUA, sofreu um golpe e afastou-se do cargo. Faleceu em 1983.
            Em 1979, sob pressão da opinião pública, o governo militar brasileiro concedeu anistia à todos os envolvidos nos crimes políticos.
            Em 1989, vinte anos após o seqüestro do embaixador Elbrick, eleições livres são concedidas e a democracia volta ao Brasil.

Por _Berdusco (Texto encontrado no baú das memórias – escrito em 2007)

Filme “O Nome da Rosa” — Resumo


A história se passa na Itália no ano de 1327. Naquela época o cristianismo era a crença religiosa predominante e a vida na sociedade era determinada pelos ensinamentos e pela ação da Igreja Católica — a mais importante instituição social da Idade Média.
Os poucos livros cristãos que restavam eram conservados nas escassas bibliotecas das igrejas. Nelas os monges copistas encarregavam-se de reproduzir os livros à mão, dessa forma, os integrantes da igreja eram os únicos capazes de lidar com o saber escrito, geralmente transcrito em latim.
            Os monges e abades viviam em mosteiros ou monastérios, onde mantinham um regime de reclusão ou semi-reclusão, isto é, completamente destacados do mundo material. E por esse estilo de vida optou Adso de Melk, que acabara de ser nomeado noviço e aprendiz de William de Barkerville, um polêmico e respeitado monge da ordem dos beneditinos.
            Apesar de ter sido incumbido de acompanhar Adso em seu aprendizado, William viera ao mosteiro com o intuito de investigar a morte de Adelmo de Otranto, cuja causa era desconhecida. Contudo, Venâncio, um tradutor grego, e Berengar, bibliotecário assistente, morrem em seguida aparentemente pelo mesmo motivo que Adelmo.
             Através das investigações feitas no mosteiro, William e o noviço Adso descobrem que os monges morreram, pois tiveram acesso ao mesmo livro cujas páginas foram envenenadas para que aquele que o lesse não sobrevivesse para revelar os segredos ali contidos.
            O livro era da autoria de Aristóteles e abordava questões relacionadas aos dogmas e preceitos da fé, numa tentativa de dar forma à religião, ou seja, estabelecer fundamentos da teologia católica, combinando aspectos da filosofia greco-romana com os ensinamentos do cristianismo. Por esse motivo o livro era considerado uma grande heresia pelas autoridades da Igreja, pois ameaçava a consistência da autoridade da mesma, assim como o temor constante dos fiéis.
À serviço de Deus, os membros do clero cumpriam um rigoroso regime de obediência e disciplina. E para manter-se soberana nos assuntos espirituais, a Igreja criou a Inquisição, onde aqueles que questionavam as práticas instituídas pelos dogmas e que interpretavam os ensinamentos cristãos diferentemente da maneira como ela pregava, passavam a ser chamados de hereges, cujas punições variavam entre penitências, apedrejamentos ou até mesmo morte na fogueira.
Entre os condenados à fogueira estava Salvatore, um corcunda que pertencia à ordem dos dolcinites, que defendiam a probreza de Cristo e matavam aqueles que acumulavam riquezas. Assim como Remigio de Varagine, que pertenceu à mesma ordem e também foi acusado de herege e morto na fogueira.
            Assim que a delegação papal tomou conhecimento das mortes que ocorreram no mosteiro, enviaram Bernardo Gui, um abade pioneiro da Inquisição, para encontrar e condenar os culpados.
            Toda a trama é narrada por Adso, que conta sobre um caso amoroso que teve com uma pobre jovem cujo nome desconhecia, assim como todos os acontecimentos, segredos e pecados que presenciou naquele mosteiro que também não quis revelar o nome, apenas a certeza do que vira e experimentara naqueles dias.

           
Por _Berdusco (Texto encontrado no baú das memórias – escrito em 2007)

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Níveis de Leitura


Segundo Bordini e Aguiar (1993), os níveis de leitura são divididos em cinco etapas distintas: Pré-leitura, Leitura compreensiva, Leitura Interpretativa, Iniciação à leitura crítica e Leitura crítica.
O nível da Pré-leitura se inicia na pré-escola, quando a criança utiliza as imagens e gravuras associando-as ao texto, que geralmente é curto, ritmado e com poucas palavras.
O segundo nível, denominado Leitura compreensiva se inicia quando a criança entra no processo de alfabetização, geralmente no 2º e 3º ano do ensino fundamental. Nessa fase, existe a decifração do código escrito através da leitura de sílabas e formação de palavras.
O próximo nível correspondente à Leitura interpretativa tem início nas séries seguintes, entre o 4º e 6º ano, onde a criança começa a interpretar as idéias e compreender o texto de maneira mais complexa através dos conceitos de tempo, espaço e causa.
No quarto nível, chamado de Iniciação à leitura crítica, como o próprio nome define, por volta do 7º e 8º ano, o leitor começa a interpretar criticamente as idéias do texto, posicionando-se diante das situações dadas e questionando a própria realidade. É comum a preferência por livros de aventuras juvenis, como por exemplo, a sequência de livros do bruxo Harry Potter da autora britânica J.K. Rowling.
No quinto e último nível, denominado Leitura crítica, o leitor está na sua última etapa de amadurecimento da leitura, onde critica, reflete e se posiciona efetiva e definitivamente diante do texto. Essa fase se inicia no 9º ano e predomina durante todo o Ensino Médio. Existe o interesse por livros que abordam questões sociais, dilemas psicológicos que influenciam o desenvolvimento de juízos de valor, tomadas de decisão e percepção de conteúdos estéticos e preferências literárias. Temos como exemplo, a saga Crepúsculo, obra da americana Stephenie Meyer, que devido ao sucesso entre os jovens ganhou a premiada versão cinematográfica e fãs por todo o mundo.

Por _Berdusco

Expressão Oral e Prática Pedagógica


Uma ótima situação de aprendizagem que vai de encontro com o desenvolvimento da capacidade de expressão oral do aluno é o júri simulado.
Nesta atividade todos os alunos são convidados a estudar determinado tema, que pode ser desde uma notícia polêmica da mídia, a leitura de um livro e reflexão sobre o desfecho do mesmo, ou assuntos diversos do cotidiano.
Após o período de coleta de dados, os alunos são divididos em grupos: os que defendem uma ideia, os que defendem uma opinião oposta e os mediadores entre os dois grupos.
Neste tipo de atividade além de incentivo à exposição oral, liberdade de expressão, criatividade e interação entre os mais variados temas, os alunos podem estudar a dinâmica de um júri real e aspectos como linguagem utilizada, postura pessoal, vestimenta, protocolos e formalidades, entre outros.
Desta maneira, os alunos podem vivenciar nas diversas fases do projeto, as variantes linguísticas, o uso coerente da norma culta-padrão e a necessidade de se adequar de acordo com as necessidade de comunicação, com as demandas sociais e as situações da vida diária de maneira contextualizada e significativa.


Por _Berdusco

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Prática da Língua Portuguesa no Ambiente Escolar


A prática da Língua Portuguesa no ambiente escolar deve ser contextualizada de acordo com o cotidiano do educando, com a inter-relação entre as demais áreas do conhecimento e nas diversas situações do convívio social.
Portanto, as práticas pedagógicas devem dar sentido ao que se aprende, ao que realmente se usa e como articular os conhecimentos adquiridos de acordo com as mais variadas situações da vida diária.
Não basta apenas tentar incansavelmente corrigir a fala do educando ou forçá-lo a utilizar a norma culta-padrão descaracterizando as variantes linguísticas, as peculiaridades culturais e os comportamentos das faixas etárias. Ou até mesmo restringir o ensino apenas a correção gramatical e ortográfica.
Para que o aluno transforme o aprendizado em conteúdo significativo e se familiarize com a norma culta-padrão, é fundamental que o mesmo encontre sentido, razão e utilidade para aquilo que está aprendendo naquele determinado momento.
Por isso é importante expor o aluno constantemente a situações práticas onde o uso da linguagem formal se faça necessário de maneira natural. Como por exemplo, nos seminários, apresentações, dramatizações, projetos interdisciplinares, registros, debates, exposições de ideias, entre muitas outras atividades que incentivam o aluno a se fazer entender e entender o outro — e para isso a variedade culta-padrão se torna evidente, significativa e contextualizada na vida escolar e nas demais relações sociais.

Por _Berdusco

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Surdo na família


É fundamental compreender a necessidade da comunicação entre a criança e a família, pois é no ambiente familiar que ocorre o primeiro contato social de todos os indivíduos sejam eles surdos ou ouvintes. Esta esfera que determina qual será o desenvolvimento geral da criança dentro da sociedade, isto é, a maneira como a criança se relaciona com seus entes se torna o reflexo de como ela se comportará com as pessoas de seu convívio externo.
Quando o surdo tem uma boa comunicação familiar certamente se sentirá como parte integrante e atuante naquele universo, o que não acontece quando existe a preocupação apenas em traduzir as necessidades básicas e transmitir informações do dia-a-dia, excluindo-o do convívio natural, das conversas informais, das atividades rotineiras — como acontece nas famílias que se recusam a aprender a língua de sinais, limitando-se a pequenos gestos e o mínimo de interação na troca de informações.
Para potencializar a comunicação natural entre a família e a criança surda também é preciso entender o desenvolvimento da linguagem. E para isso se torna necessário buscar o máximo de informações e orientações especializadas acerca da surdez. Procedimento que auxilia na compreensão sobre o aprendizado, o ensino, o comportamento familiar, a interação sócio-cultural e todos os processos que envolvem a vida do surdo, facilitando a escolha sobre as melhores maneiras de se comunicar e conviver de forma natural e harmoniosa. Esta atitude começa na aquisição da linguagem que permite à família utilizar as ferramentas disponíveis, seja os sinais, o oralismo, entre outros, para que a criança possa se desenvolver assim como qualquer outra de acordo com a faixa-etária correspondente.
O essencial é que a família aceite a situação que lhe é oferecida, que esteja sempre bem orientada, se sinta também inclusa no universo da surdez e que transforme a casa num ambiente favorável para o desenvolvimento global da criança e as suas próprias atitudes em modelo de superação e constante apoio.

Por _Berdusco

O currículo escolar é ou já foi neutro?


O currículo tradicional abordava questões intimamente ligadas ao trabalho, mão-de-obra qualificada e produção social e financeira. Todos os conteúdos selecionados deveriam atender ao mercado de trabalho e suas exigências, devido ao momento de intenso desenvolvimento econômico pelo qual a sociedade passava.
Observando-se o contexto histórico da época e os registros educacionais, podemos concluir que o currículo não era neutro. Isto é, não tinha como objetivo apenas o aprendizado dos saberes escolares, e sim a articulação de todas as competências e habilidades possíveis para atuar de forma efetiva no mundo do trabalho.
E falando em habilidades e competências, ambos são termos atualmente utilizados na seleção e aplicação dos conteúdos escolares. Desta maneira, o aluno é incentivado a inter-relacionar os conhecimentos adquiridos na escola com as situações práticas do dia-a-dia, assim como do futuro — formação acadêmica, mercado de trabalho e ascensão social.
Portanto, atualmente o currículo não é neutro. Como sempre aconteceu, ele não está relacionado apenas com a vida escolar, mas com todas as esferas da convivência humana.
O que diferencia a falta de neutralidade do passado com a dos tempos atuais é que agora não apenas a mão-de-obra trabalhista é priorizada, mas também o desenvolvimento global dos indivíduos, sua liberdade de pensamento numa visão crítica e autônoma de suas escolhas e sua intervenção no universo social, cultural e econômico.

Por _Berdusco

A escola e o conhecimento


A escola pode transformar informação em conhecimento através da contextualização dos conteúdos selecionados, da articulação entre os saberes das diversas áreas do conhecimento, do incentivo à produção cultural e aproximação da instituição escolar com as demais instâncias sociais.
            A contextualização dos conteúdos se relaciona com a atitude pedagógica de considerar a bagagem cultural do educando assim como seu contexto social, fazendo a transposição didática e a transferência dos conhecimentos escolares de maneira significativa para o cotidiano do aluno.
            A articulação dos saberes também é de suma importância, pois quando o educando não consegue relacionar os conhecimentos e usar de maneira inteligente o que aprendeu na resolução de problemas diversos, ele não compreende a utilidade de uma área ou outra, podendo desenvolver aversão ou dificuldade em disciplinas específicas devido a esse distanciamento.
            O incentivo à produção cultural e aproximação da instituição escolar faz com que o aprendizado do aluno ganhe visibilidade, sentido e verdadeiramente possa contribuir com o processo histórico-social que constitui o currículo escolar. O trabalho com a comunidade e a constante intervenção nos problemas do cotidiano torna a escola a instituição social majoritária e o que se aprende dentro dela, fator de transformação social e engrandecimento pessoal.

Por _Berdusco

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Professor, seja um intelectual transformador!


            Primeiramente é preciso que o professor olhe para dentro de si, e esse hábito é diário. Se torna fundamental avaliar nossa própria postura diante dos dilemas da vida cotidiana e em especial, na rotina escolar.
           Existem diversas oportunidades durante as aulas para que o professor puxe um ou outro assunto e torne aquele momento precioso para o crescimento intelectual, crítico e transformador do aluno. Contudo, as exigências, os prazos e tarefas diárias muitas vezes atropelam esses processos tão enriquecedores.
           Saber articular estas oportunidades e os conteúdos, e proporcionalmente, o currículo e programa escolar é fazer com que haja a possibilidade de transformar informações em conhecimentos, instituição escolar em ambiente favorável à aprendizagem e o próprio professor em mediador, incentivador e sujeito ativo na construção democrática e crítica do pensamento.

          Não é preciso nem falar sobre a formação continuada desse profissional, que deve se atualizar constantemente para atender de forma adequada as demandas contemporâneas dos processos de ensino-aprendizagem. Entretanto, cada aluno tem seu ritmo de aprendizagem, e o professor que consegue sensivelmente perceber o que acontece à sua volta e age de maneira dinâmica e criativa é sem dúvida, um intelectual transformador!

Por _Berdusco

Programa e Currículo: diferenças e procedimentos para transformar informação em conhecimento



Um Programa não pode ser considerado ou confundido com o Currículo, pois o primeiro está inserido no segundo como unidade formadora.
Enquanto o Currículo se constitui em todas as ações realizadas no ambiente educacional, sejam elas administrativas ou pedagógicas, que definem a identidade e subjetividade da produção histórica, cultural e social na construção dos modos de ensino, formação e instrução da sociedade, o Programa está ligado à seleção dos conteúdos programáticos, dos saberes e conhecimentos inerentes ao processo de ensino-aprendizagem, organizados e sequenciados de acordo com aprendizagens anteriores e o que se pretende ensinar posteriormente — informações contidas no currículo escolar.
Portanto, a escola pode transformar informação em conhecimento através da contextualização dos conteúdos selecionados, da articulação entre os saberes das diversas áreas do conhecimento, do incentivo à produção cultural e aproximação da instituição escolar com as demais instâncias sociais.
            A contextualização dos conteúdos se relaciona com a atitude pedagógica de considerar a bagagem cultural do educando assim como seu contexto social, fazendo a transposição didática e a transferência dos conhecimentos escolares de maneira significativa para o cotidiano do aluno.
            A articulação dos saberes também é de suma importância, pois quando o educando não consegue relacionar os conhecimentos e usar de maneira inteligente o que aprendeu na resolução de problemas diversos, ele não compreende a utilidade de uma área ou outra, podendo desenvolver aversão ou dificuldade em disciplinas específicas devido a esse distanciamento.
           O incentivo à produção cultural e aproximação da instituição escolar faz com que o aprendizado do aluno ganhe visibilidade, sentido e verdadeiramente possa contribuir com o processo histórico-social que constitui o currículo escolar. O trabalho com a comunidade e a constante intervenção nos problemas do cotidiano torna a escola a instituição social majoritária e o que se aprende dentro dela, fator de transformação social e engrandecimento pessoal.
           Um olhar mais humano sobre a seleção, organização e implementação dos conteúdos didáticos e os objetivos de aprendizagem é um passo para a educação problematizadora.
Concebendo o currículo como o conjunto de todas as atividades da instituição escolar amplia o campo de atuação da mesma na sociedade, tornando-a peça-chave na construção de uma sociedade mais justa e democrática sim através da educação.
            É preciso que muito mais do que mera repetição de conteúdos desconectados com a realidade, obediência a regras e normas educacionais, pouca relação com a vida e o contexto social e o tratamento burocrático da educação, a escola passe a considerar a subjetividade dos atores sociais, suas necessidades, vontades e interesses e articulando o ensino e a emancipação crítica, forme a transforme seres humanos para intervir no seu contexto social de forma ativa, autônoma e transformadora.
             Percebo esse distanciamento entre as reais necessidades educacionais e o currículo adotado pelas escolas diariamente, e isso me incomoda muito.
             Sempre há o dilema entre o cumprimento da proposta curricular, assim como os prazos, tarefas e resultados e o aproveitamento de momentos e ambientes favoráveis ao aprendizado. Oportunidades únicas muitas vezes são desperdiçadas devido às exigências desnecessárias das instituições escolares ou até mesmo dos sistemas de ensino. Repensar a educação e o tipo de cidadão que estamos formando é preciso antes mesmo de decidir o que se deve ensinar e o que se espera aprender.

Por _Berdusco

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Correntes Comunicativas: Oralismo, Comunicação Total e Bilinguismo


Oralismo é uma corrente comunicativa muito utilizada na educação dos surdos no século XIX que perdurou até os anos 70. Consiste no ensino da língua materna através da imposição da oralização nos processos de aprendizagem do surdo. Dessa maneira, neste método é proibida qualquer manifestação que se diferencie da fala, como ocorre na comunicação gestual e na utilização de mímicas. Portanto, o surdo deveria utilizar a fala, os vestígios de audição remanescentes, e um comportamento semelhante ao do ouvinte para ser aceito socialmente e finalmente ser curado da surdez através da prática da fala.
Devido ao descontentamento referente ao uso do oralismo na educação dos surdos, mais tarde, surgiu a Comunicação Total, que consiste na utilização dos sinais, leitura orofacial, amplificação e alfabeto digital no ensino da língua materna. Sendo assim, nesta corrente comunicativa o surdo tem livre arbítrio para escolher qual manifestação de linguagem lhe é mais adequada para comunicar-se socialmente. Visto que esta foi uma corrente que abriu espaço para o que conhecemos hoje como língua de sinais, assim como a autonomia e independência do surdo e sua inserção na sociedade, contudo não foi completamente efetiva devido a superficialidade no ensino de uma ou outra forma de comunicação. Isto é, como o surdo poderia utilizar o mecanismo que mais de identificava ou mesclar duas ou três formas de comunicação, não conseguia se especializar e aprender de maneira profunda sobre alguma forma de linguagem específica.
Já a proposta de ensino bilíngüe contrapõe-se ao oralismo porque considera a comunicação visual e gestual prioritária no ensino da linguagem. E se diferencia da comunicação total, pois defende fundamentalmente a língua de sinais na educação do surdo, não misturando uma manifestação lingüística com a outra. Nesta corrente, ensina-se primeiramente a língua de sinais e secundariamente a língua dos ouvintes, que pode ser manifesta apenas em sua forma escrita.
A proposta de ensino bilíngüe traz como benefício a integridade da manifestação visual e gestual expondo a criança surda desde cedo a língua de sinais, aprendendo a sinalizar tão cedo quanto uma criança ouvinte aprende a falar. Assim como o aumento de sua capacidade e competência lingüística que o ajudará a aprender também a língua falada, tornando-o bilíngüe desde cedo, e também o aumento do desenvolvimento cognitivo-linguístico em iguais proporções ao da criança ouvinte, criando uma relação harmoniosa não só com a comunidade surda — forte identificação e melhoria da auto-imagem quando consciente do pertencimento a um grupo específico que possui suas maneiras de se comunicar e se relacionar através de língua própria.

Por _Berdusco

Gestão e coordenação pedagógica


 Atualmente, o coordenador pedagógico ocupa um lugar fundamental na gestão escolar, contudo numa perspectiva democrática da organização e sistematização do trabalho educacional ele atua em conjunto com o corpo docente e a direção para auxiliar nos processos didático-pedagógicos.
Assim como a sociedade e contexto cultural, sócio-econômico e tecnológico avançaram, a gestão escolar também teve que se adequar a estas mudanças. E isso se deu tanto no âmbito discente, através da heterogenia de pensamentos, crenças, constituições familiares e comportamentos quanto na maneira como os processos de ensino se transformam de forma a atender este público tão exigente. Encontramos-nos na era da informação, onde os dados são coletados com facilidade, entretanto há grande superficialidade na absorção dessas tais informações e raramente elas chegam a se transformar em conhecimento.
Portanto, o coordenador pedagógico deve articular todas as ferramentas tecnológicas e as práticas sociais atuais para atrair a atenção dos alunos e motivar os professores a inovar suas práticas aproximando-as do contexto cultural dos alunos. Contudo, não é uma tarefa fácil, pois há uma grande resistência de ambos os lados. Docentes ficam receosos em tentar algo novo, mudar suas técnicas que sempre deram certo, provar o desconhecido. Alunos têm dificuldade de utilizar os recursos disponíveis de maneira responsável e muitas vezes não percebem a importância dos métodos considerados tradicionais também.
Já em relação ao projeto pedagógico, a formação dos professores, as reuniões pedagógicas e avaliações, o coordenador pedagógico atua na mediação das relações interpessoais para a construção das melhores estratégias pedagógicas para a melhoria dos processos de ensino-aprendizagem.
No projeto pedagógico, o coordenador reúne a história da escola, sua identidade, seus desejos, dificuldades e potencialidades. Através da articulação de todos os membros da comunidade escolar, ele propicia sempre que necessário uma rediscussão sobre o que a escola deseja para si e como ela deve atuar para alcançar suas metas conjuntamente e de maneira democrática.
A formação dos professores deve ser incentivada pelo coordenador pedagógico frequentemente, seja pela leitura e análise de textos simples, tanto pela reflexão sobre eventos do cotidiano, a troca de experiências entre os docentes ou pelo incentivo a freqüência em cursos divulgados pelos mais diversos veículos. Já as reuniões pedagógicas devem ser conduzidas de maneira planejada, discutindo os assuntos de interesse de todos os envolvidos, os problemas da escola, suas normas e prazos, as novidades, opiniões diversas e demais assuntos que precisam ser compartilhados constantemente.
As avaliações pedagógicas devem ser orientadas pelo coordenador através de críticas construtivas, acompanhamento constante, subsídios para suas aplicações e análise de resultados. E as avaliações institucionais devem ser organizadas de maneira mais burocrática atentando aos prazos e normas estabelecidas pelos sistemas de ensino e de maneira pedagógica através da coleta de dados necessários a reflexão junto ao professorado sobre as dificuldades e pontos positivos encontrados e, consequentemente, melhores maneiras de intervenção.
Durante a observação do cotidiano de diversos coordenadores pedagógicos percebi que as reuniões pedagógicas, a formação dos professores e o acompanhamento das avaliações institucionais estão de acordo com as condutas adequadas a função. Contudo, o projeto pedagógico está muito aquém do ideal, sendo um documento desconhecido por muitos alunos, professores, funcionários e membros da comunidade. E que não é nem mesmo discutido por todos os envolvidos, ficando espaço apenas para os projetos interdisciplinares temáticos do ano letivo.
Assim como as avaliações pedagógicas que não são analisadas pela coordenação, ficando a critério do professor avaliar da sua maneira e sem contar com dados de aprendizagem anteriores.
E um dos aspectos mais preocupantes é a relação entre os alunos e a coordenação pedagógica, que não passa de um processo restritamente burocrático, superficial e hierarquizado. Talvez o que falta nos processos de gestão educacional é um tanto de humanismo, um olhar mais profundo sobre os sujeitos envolvidos nos processos educacionais e suas peculiaridades. Entretanto, para isso seria necessária a divisão igualitária de tarefas, já que a sobrecarga de funções atribuídas ao coordenador pedagógico no ensino público não permite que o mesmo dê a atenção adequada a todos os aspectos citados anteriormente.

Por _Berdusco

terça-feira, 3 de julho de 2012

Avaliação: Finalidade, Planejamento e Reflexão

              A avaliação é um rico instrumento para quantificar e qualificar a aprendizagem do aluno e seu desenvolvimento em geral. Dessa maneira possibilita verificar em que estágio o aluno se encontra e quais são suas dificuldades e potencialidades. O que sugere ao professor uma mudança de postura e estratégia pedagógica que seja adequada às reais necessidades do aluno — reorganização constante da prática dentro do processo de ensino-aprendizagem.
             O diferencial está em fazer o aluno se sentir preparado para enfrentar desafios e resolver problemas, isto é, através de práticas que levam em consideração as particularidades de aprendizagem para que os conteúdos sejam internalizados pelos alunos através da mobilização não-artificial de competências e habilidades adquiridas.
             Entretanto, muito antes de aplicar a avaliação em si é preciso saber o que, como e quando se pretende avaliar. Pois uma avaliação sem objetivo é um mero componente da rotina escolar, descontextualizado e muito pouco significativo aos alunos e aos próprios professores.
             Quando a equipe escolar e o próprio professor planejam suas avaliações, permitem com que os processos de ensino-aprendizagem tomem os rumos adequados para o que se pretende desenvolver no decorrer do ano letivo. Portanto, as atividades em sala de aula ganham forma e de maneira dinâmica e constante são moldadas de acordo com os resultados obtidos.
             Um dos passos fundamentais para uma avaliação efetiva é deixar claro os critérios e objetivos para o avaliado. Dessa maneira o aluno compreende que aquilo que está aprendendo é importante e em que nível de aprendizagem estará ao ser avaliado e ao final do processo — conscientização sobre o que se espera dele em determinados momentos da vida escolar.
             Acredito que a visão da função diagnóstica, dialógica e transformadora da realidade escolar através das reflexões sobre avaliação vão além das concepções citadas acima, pois estes valores partem da responsabilidade individual de cada esfera educacional.
            Comecemos pela visão do próprio professor, o mediador das aprendizagens. Que deve romper com as práticas classificatórias e excludentes, e repensar o aluno como humano, ser sempre em desenvolvimento que atua ativamente na sociedade intervindo como transformador da sua realidade e da comunidade em que vive. E portanto, o mesmo pensamento deve ser transmitido à todos os profissionais da educação e por último às autoridades responsáveis e representantes do governo.
             É um trabalho de formiguinha mesmo. Se cada um de nós, professores, repensarmos as nossas práticas e incentivarmos os alunos a uma cidadania consciente e uma visão crítica e construtiva sobre todos os aspectos da vida, deixaremos de lado a "decoreba" descontextualizada e a desvalorização do próprio sentido da educação. E assim cultivamos os bons frutos do conhecimento.

Por _Berdusco



Avaliação? Nãooooooo!!!


Concordo que este tipo de aversão avaliativa ainda é a mais utilizada atualmente. Pois a avaliação por muitas vezes desconsidera o processo de desenvolvimento da aprendizagem e a evolução individual do aluno, assim como suas dificuldades e potencialidades. Visto que o caráter de exclusão, classificação e segregação nos métodos de avaliação ainda é predominante.
Esta atitude é justificada por muitos professores devido à falta de condições adequadas para trabalhar, como, por exemplo, a ausência de materiais, tempo escasso de elaboração, excesso de conteúdos pré-estabelecidos, busca por resultados satisfatórios socialmente, falta de interesse dos alunos e diminuição da autoridade do professor, entre muitos outros motivos.
Grande parte dos professores devido às dificuldades do cotidiano, suas histórias pessoais e sua própria subjetividade, acabam fazendo da avaliação um instrumento de ameaça e/ou punição. Fazendo com que seja um momento de total controle sobre a turma, separando claramente os capazes e os incapazes com doses de autoritarismo.
Dessa maneira, a avaliação se torna um fim em si mesmo. Seus objetivos e finalidades ficam reduzidos ao final do bimestre, do ano, dos ciclos. Enfim, em poucos casos o aluno compreende sua situação, o professor reorganiza a sua prática e ambos se situam no processo de ensino aprendizagem de forma a diminuir as dificuldades e encontrar novas possibilidades.
Portanto, as razões que levam o aluno a não se sair bem nessas práticas classificatórias não são analisadas. É necessário refletir se o aluno tem a mesma velocidade de compreensão que os demais, se não tem um histórico de repressão e aversão aos processos de avaliação que o leva ao nervosismo e ansiedade, e entre muitos outros motivos. Por exemplo, certa vez durante um conselho de escola, todos os professores falavam sobre uma aluna que havia faltado durante todo o bimestre e voltara apenas na última semana de provas. Alguns foram inclementes, dizendo que a mesma deveria estar cabulando aula e que seria melhor transferir a vaga a alguém que precise e valorize mais a educação. Contudo, imediatamente a coordenadora interrompeu a discussão, informando-nos que a mãe desta aluna havia perdido o emprego e não tinha condições de arcar com as despesas do transporte e alimentação, já que morava longe da escola, e só naquela semana a mesma havia conseguido outro trabalho.
Portanto, concluo que nesse caso é coerente compreender o contexto social em que o aluno vive. Dessa maneira os outros fatores, que não só o contexto escolar, também interfere no rendimento do aluno e com certeza também estão expressos nos resultados de uma avaliação classificatória e excludente.

Sendo assim, estas práticas refletem na postura do próprio aluno, que considera a avaliação como uma tortura, um castigo repleto de ameaças e temores — como se fosse uma moda de troca. Tornando o processo de ensino-aprendizagem um ciclo enfadonho permeado de ameaças, obrigatoriedade em decorar conteúdos e absorver informações, dependente da mera ação-reação dos sujeitos em meio às situações do dia-a-dia escolar.
Sim, sabemos da importância da avaliação tradicional, que quantifica o aprendizado do aluno classificando-o como apto ou inapto a avançar no aprendizado, mesmo sendo classificatória, eliminatória, seletiva, excludente, pouco qualitativa e não levar em conta a capacidade individual do aluno. E mais ainda mais da avaliação construtiva que parte do nível de aprendizagem que o aluno se encontra e das suas reais dificuldades e potencialidades — intervindo diretamente na ação docente e nas práticas pedagógicas que se modificam de maneira dinâmica de acordo com os resultados obtidos e as necessidades do aluno naquele período específico. Se a escola fosse um ambiente desconectado da sociedade apenas a avaliação construtiva seria de bom tamanho, mas a instituição escolar é uma das esferas da vida humana, portanto também é reflexo do "mundo lá fora".
Contudo, quando falamos em sistematizar o conhecimento, não significa que o professor deve limitar o ensino à transmissão de informações esvaziadas de sentido e significado para o aluno. E sim que deve conectar os conteúdos de forma contextualizada e de acordo com a real necessidade de cada aluno e dos avanços da própria turma em relação aos processos de aprendizagem.
Portando, nesta visão construtivista e democrática do conhecimento, todos os sujeitos envolvidos são responsáveis de igual maneira pelo produto final: a aprendizagem significativa. Visto que o aluno passa a ser o centro da relação ensino-aprendizagem e o professor fica em segundo plano, como facilitador desse processo, intervindo de forma coerente em um gesto de cumplicidade e responsabilidade pelo ofício de ensinar e o desejo de aprender.

Por _Berdusco

domingo, 10 de junho de 2012

A criança como centro do processo ensino-aprendizagem no planejamento


Devemos partir do principal foco da relação ensino-aprendizagem: a criança. Um ser repleto de sonhos, fantasias, afetividade, imaginação e emoções, e cheio de manifestações subjetivas de curiosidade, espontaneidade e criatividade. O que justifica sua alta capacidade de pensar, decidir, atuar, criar, imaginar, expressar e produzir cultura e conhecimento.
Para alcançar seus objetivos, o planejamento não deve priorizar um currículo que visa o excesso de atividades e de materiais, a escolarização precoce, o ciclo enfadonho tarefa, sala de aula e conteúdo, conceitos fragmentados, imposição, transmissão de informações e ordens, autoritarismo, controle, submissão, disciplinamento, silêncio, obediência.
Portanto, o planejamento tem que abordar muito mais do que conteúdos, e sim a linguagem, forma de expressão e leitura de mundo da criança. E para isso é preciso mergulhar no universo dos pequeninos e compreender que cada momento é significativo para eles — eles, os protagonistas, interlocutores e autores, precisam errar, tentar de novo e perceber que existem pessoas que o ajudarão no desafio dinâmico de desvendar o mundo.


"E a pergunta roda / E a cabeça agita / Eu fico com a pureza da resposta das crianças (...)" 

(O que é, o que  é? — Gonzaguinha)

Por _Berdusco

Brincadeiras: conceitos, finalidades e exemplos


BRINCADEIRAS DE FAZ-DE-CONTA
O que é?
Para que serve?
Exemplos

São brincadeiras onde as crianças, quando entram na fase simbólica, começam a assumir diversos papéis em atividades baseadas na representação de situações da vida adulta. Isto é, colocando-se no lugar de pai, mãe, professor ou de personagens fictícios, como por exemplo, princesas, fadas, monstros, super-heróis, entre outros, ou até mesmo animais.
Não existem regras definidas, pois podem variar de acordo com a decisão dos participantes ou conforme a cultura, os costumes, o espaço físico, os materiais disponíveis, etc.

 

Servem para estimular as crianças a experimentar e explorar o mundo, vivenciar as práticas sociais, imitar, fantasiar e simular situações presentes em seu cotidiano ou não.




Exemplos comuns são as brincadeiras de casinha, escolinha, ônibus, vendinha, etc.
O importante é que o adulto evite intervir diretamente, pois estas brincadeiras são muito ricas e permitem com que a criança se expresse livremente.
Uma conversa descontraída após a brincadeira tende a ser uma ótima forma de intervenção sem interferir no momento.


BRINCADEIRAS DE CONSTRUÇÃO
O que é?
Para que serve?
Exemplos

Nas brincadeiras ou jogos de construção, como também são conhecidas, a atuação do professor também fica em segundo plano.
Pois ocorrem quando as crianças utilizam diversos materiais (blocos, sucatas, entre outros) para criar coisas novas (pontes, castelos, parques, bonecos, etc) através da transformação dos objetos disponíveis e de sua própria criatividade.











As brincadeiras de construção servem para que as crianças entrem em contato com o mundo social através da cooperação, por exemplo, desenvolvendo sua cognição de forma mais apurada. Isso acontece através da antecipação de situações, do planejamento, da estratégia, da elaboração de propostas e possibilidades que podem ou não se concretizar.












Quando o professor oferece aos alunos uma grande quantidade de blocos de madeira e os incentiva a construir uma cidade.
Cada criança terá seu tempo de execução e de interesse na atividade. Lembrando que o professor deve manter uma relação saudável entre o erro e o acerto da criança, estimulando-a a criar sempre de forma peculiar e auxiliando-a na solução de problemas.
BRINCADEIRAS COM REGRAS
O que é?
Para que serve?
Exemplos

Brincadeiras com regras são aquelas que combinam aspectos motores, corporais e sensitivos com aspectos intelectuais. Possuem duração, condições pré-estabelecidas, interesses e objetivos específicos.
Começam a ser explorados geralmente a partir dos quatro anos.





Auxiliam no desenvolvimento das regras sociais, na legitimação dos valores morais e na reflexão crítica da criança.





Os exemplos mais comuns são pega-pega, queimada, jogo do lenço-atrás, esportes em geral, dança da cadeira, entre muitos outros.


BRINCADEIRAS TRADICIONAIS
O que é?
Para que serve?
Exemplos

As Brincadeiras Tradicionais são parte integrante da cultura lúdica transmitida de geração em geração, expressas, sobretudo, pela oralidade, representando valores, condutas, características sócio-históricas e a própria mentalidade popular.




Além de estimular a criatividade, a coordenação motora, imaginação, concentração, percepção visual, auditiva e tátil, as brincadeiras tradicionais servem para preservar a produção cultural de um povo num certo período histórico.
Com as possibilidades de exploração das brincadeiras acontece um amplo trabalho de aquisição de vocabulário verbal e corporal além da compreensão das características culturais, a aquisição de novas regras e a habilidade de ensinar seu uso às novas gerações.


Brincadeiras de roda acompanhadas por cantigas e movimentação do grupo, geralmente dispostos em círculo (“ciranda-cirandinha”, “entrei na roda”, “pirulito que bate-bate”, “sambalelê”, entre outros). Materiais (pião, iô-iô, pipa, etc). E jogos de rua (rouba-bandeira, pique-esconde, barra-manteiga, mãe-da-rua, etc).

 Por _Berdusco

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