domingo, 10 de junho de 2012

A criança como centro do processo ensino-aprendizagem no planejamento


Devemos partir do principal foco da relação ensino-aprendizagem: a criança. Um ser repleto de sonhos, fantasias, afetividade, imaginação e emoções, e cheio de manifestações subjetivas de curiosidade, espontaneidade e criatividade. O que justifica sua alta capacidade de pensar, decidir, atuar, criar, imaginar, expressar e produzir cultura e conhecimento.
Para alcançar seus objetivos, o planejamento não deve priorizar um currículo que visa o excesso de atividades e de materiais, a escolarização precoce, o ciclo enfadonho tarefa, sala de aula e conteúdo, conceitos fragmentados, imposição, transmissão de informações e ordens, autoritarismo, controle, submissão, disciplinamento, silêncio, obediência.
Portanto, o planejamento tem que abordar muito mais do que conteúdos, e sim a linguagem, forma de expressão e leitura de mundo da criança. E para isso é preciso mergulhar no universo dos pequeninos e compreender que cada momento é significativo para eles — eles, os protagonistas, interlocutores e autores, precisam errar, tentar de novo e perceber que existem pessoas que o ajudarão no desafio dinâmico de desvendar o mundo.


"E a pergunta roda / E a cabeça agita / Eu fico com a pureza da resposta das crianças (...)" 

(O que é, o que  é? — Gonzaguinha)

Por _Berdusco

Brincadeiras: conceitos, finalidades e exemplos


BRINCADEIRAS DE FAZ-DE-CONTA
O que é?
Para que serve?
Exemplos

São brincadeiras onde as crianças, quando entram na fase simbólica, começam a assumir diversos papéis em atividades baseadas na representação de situações da vida adulta. Isto é, colocando-se no lugar de pai, mãe, professor ou de personagens fictícios, como por exemplo, princesas, fadas, monstros, super-heróis, entre outros, ou até mesmo animais.
Não existem regras definidas, pois podem variar de acordo com a decisão dos participantes ou conforme a cultura, os costumes, o espaço físico, os materiais disponíveis, etc.

 

Servem para estimular as crianças a experimentar e explorar o mundo, vivenciar as práticas sociais, imitar, fantasiar e simular situações presentes em seu cotidiano ou não.




Exemplos comuns são as brincadeiras de casinha, escolinha, ônibus, vendinha, etc.
O importante é que o adulto evite intervir diretamente, pois estas brincadeiras são muito ricas e permitem com que a criança se expresse livremente.
Uma conversa descontraída após a brincadeira tende a ser uma ótima forma de intervenção sem interferir no momento.


BRINCADEIRAS DE CONSTRUÇÃO
O que é?
Para que serve?
Exemplos

Nas brincadeiras ou jogos de construção, como também são conhecidas, a atuação do professor também fica em segundo plano.
Pois ocorrem quando as crianças utilizam diversos materiais (blocos, sucatas, entre outros) para criar coisas novas (pontes, castelos, parques, bonecos, etc) através da transformação dos objetos disponíveis e de sua própria criatividade.











As brincadeiras de construção servem para que as crianças entrem em contato com o mundo social através da cooperação, por exemplo, desenvolvendo sua cognição de forma mais apurada. Isso acontece através da antecipação de situações, do planejamento, da estratégia, da elaboração de propostas e possibilidades que podem ou não se concretizar.












Quando o professor oferece aos alunos uma grande quantidade de blocos de madeira e os incentiva a construir uma cidade.
Cada criança terá seu tempo de execução e de interesse na atividade. Lembrando que o professor deve manter uma relação saudável entre o erro e o acerto da criança, estimulando-a a criar sempre de forma peculiar e auxiliando-a na solução de problemas.
BRINCADEIRAS COM REGRAS
O que é?
Para que serve?
Exemplos

Brincadeiras com regras são aquelas que combinam aspectos motores, corporais e sensitivos com aspectos intelectuais. Possuem duração, condições pré-estabelecidas, interesses e objetivos específicos.
Começam a ser explorados geralmente a partir dos quatro anos.





Auxiliam no desenvolvimento das regras sociais, na legitimação dos valores morais e na reflexão crítica da criança.





Os exemplos mais comuns são pega-pega, queimada, jogo do lenço-atrás, esportes em geral, dança da cadeira, entre muitos outros.


BRINCADEIRAS TRADICIONAIS
O que é?
Para que serve?
Exemplos

As Brincadeiras Tradicionais são parte integrante da cultura lúdica transmitida de geração em geração, expressas, sobretudo, pela oralidade, representando valores, condutas, características sócio-históricas e a própria mentalidade popular.




Além de estimular a criatividade, a coordenação motora, imaginação, concentração, percepção visual, auditiva e tátil, as brincadeiras tradicionais servem para preservar a produção cultural de um povo num certo período histórico.
Com as possibilidades de exploração das brincadeiras acontece um amplo trabalho de aquisição de vocabulário verbal e corporal além da compreensão das características culturais, a aquisição de novas regras e a habilidade de ensinar seu uso às novas gerações.


Brincadeiras de roda acompanhadas por cantigas e movimentação do grupo, geralmente dispostos em círculo (“ciranda-cirandinha”, “entrei na roda”, “pirulito que bate-bate”, “sambalelê”, entre outros). Materiais (pião, iô-iô, pipa, etc). E jogos de rua (rouba-bandeira, pique-esconde, barra-manteiga, mãe-da-rua, etc).

 Por _Berdusco

Rotina escolar



          A rotina que contempla todas as necessidades biológicas, psicológicas, sociais e históricas do público escolar, dá principalmente ao aluno segurança. Esta segurança permite com que ele se oriente tempo-espaço e se desenvolva apropriando-se desses hábitos de maneira independente, autônoma e participativa.

         Para o professor, evita com que o mesmo atue somente com o improviso, diminuindo a presença de imprevistos. Além de possibilitar com que o seu trabalho tenha foco na atividades que podem ser variadas com segurança, diminuindo a monotonia, a repetição dos afazeres sem propósito definido.

         Já para a escola, a rotina resume a própria vida escolar. É estratégia que a mesma encontra para organizar de maneira inteligente e produtiva o seu cotidiano. Além de expressar os próprios objetivos que se pretende alcançar.
        Para não limitar o planejamento, a rotina, apesar de bem organizada e definida, não deve ser inflexível e rígida. Pois deve partir das necessidades da criança e não dos interesses da escola. Para isso deve-se considerar o tempo, o modo, o espaço, o contexto social, o currículo, as atividades e os materiais disponíveis.
        O importante é lembrar que cada escola tem a sua rotina, não adianta "copiar" um modelo que talvez tenha dado certo na escola do vizinho. Assim como cada turma tem a sua maneira de ser também, e nem se fale faixas-etárias diferentes. E por último, levamos em conta as mudanças durante o ano e os eventos da escola — deve-se estar preparado também paras as quebras de rotina.

Por _Berdusco

Literatura Infantil



    Em todas as aprendizagens existe sempre um começo. Imagina se o fato de a criança não saber ler, nos impedisse de iniciar a leitura na educação infantil. Certamente seria um desperdício. Com os pequeninos, deve-se ler desde o berço. O contato com a leitura, o manuseio dos livros, a imaginação que as figuras sugerem, tudo isso é fundamental para construir o leitor de amanhã.

       Muito antes de saber ler, a criança já sabe que o mundo está cheio de códigos escritos. E até reconhece alguns, como por exemplo, quando conhece as marcas dos produtos que consome.

        Decifrar estes códigos do mundo adulto é um grande desafio para a criança, portanto ela vive numa busca constante de pistas, sejam elas as gravuras, imagens, sons, entre outros recursos disponíveis naquele momento.

   O importante é que o professor organize os espaços de maneira que despertem a curiosidade e o interesse da criança. Como acontece nas bibliotecas onde há um rico acervo a ser desvendado e na sala de leitura onde o silêncio e a disposição e organização dos materiais incentivam a criança a se concentrar.

       O ambiente por si só não executa o trabalho, portanto cabe ao professor não transformar a leitura em apenas mera junção e reprodução de códigos, e sim incentivar a criança a conceber a leitura como um sistema representação contextualizado da fala, de sua própria comunicação.
Dessa maneira o planejamento deve estar repleto de estruturas diversas, linguagens variadas, e proporcionalmente situações e hipóteses de escrita criativas. Como por exemplo, no reconto de histórias conhecidas, na produção de bilhetes, recados, receitas, entre outros, a partir de textos produzidos oralmente ou com a atuação do professor como escriba — numa fase já mais avançada.

Por _Berdusco

Educar X Cuidar na Educação Infantil

        Acredito que com estudo e claro, boas experiências, o professor articula seus conhecimentos com a realidade escolar e cria situações que priorizam o desenvolvimento integral da criança, seja de maneira lúdica ou educacional.

        A organização do ambiente é fundamental, assim como a postura adotada pelo educador. Seja intervindo ativamente nas atividades dos alunos ou mantendo-se como mediador ou até mesmo distante das descobertas dos pequeninos. Todas as ações devem ser planejadas e devem ter objetivos claros.
       Cuidados com a higiene, alimentação e necessidades básicas gerais são compulsórios, pois a criança ainda "precisa" do adulto para suas pequenas tarefas. A transição do cuidar para o educar, ocorre quando o professor se sente confortável em substituir aos poucos sua ação pela da criança, e a mesma se sente confiante em usar de sua autonomia.
Nesta caminhada ocorrem erros e tropeços, o cuidar está na sensação que a criança tem quando sabe que não está desamparada nesta jornada, e o educar no tentar novamente e progredir sempre.

       Às vezes, me preocupa um pouco esse excesso de atividades na educação infantil.

Acho interessantes essas aulas de informática, música, ballet, etc. Mas o papel dessas atividades pode ultrapassar a barreira entre o lúdico e o educacional demais. Claro, parece redundante dizer "educacional demais" já que estamos falando do ambiente escolar. Mas o problema se encontra na escolarização precoce dos processos naturais de desenvolvimento.
Concordo com a existência de pais que não aceitam que os filhos deixaram as fraldas. Contudo, temos que voltar nossa atenção ao cuidado que é necessário às crianças dessa faixa-etária.
     Entrar na escola tem que ser um momento que diminua o choque entre a realidade familiar e escolar. A organização do espaço é uma ótima alternativa, mas boas doses de carinho, responsabilidade e do cuidar na sua essência são fundamentais para que a criança de desenvolva de forma saudável e se sinta segura na interação com o outro e na descoberta de si mesma.

Por _Berdusco

sábado, 2 de junho de 2012

Identidade e Autonomia na Educação Infantil


Justifico a escolha do tema desenvolvimento da identidade e autonomia por ser um dos principais objetivos da educação infantil.
Identidade e autonomia são aspectos que se desenvolvem em conjunto, fundamentalmente na relação com o outro de forma segura.
Muitas vezes a autonomia se confunde com a atitude de deixar a criança sozinha, mas na realidade ela se constrói na capacidade da criança de aprender a modular a necessidade da presença do adulto. E da mesma forma, no distanciamento natural do adulto nas atividades da criança. Estas atitudes favorecem também a construção de uma identidade segura e confiante. Portanto, ambos são conceitos que dependem prioritariamente da relação com o outro.
Para crianças pequenas é importante a construção de uma imagem/idéia de si mesma. De quem ela é, qual seu papel na relação com o outro, quais são suas potencialidades e limites, entre outros.
Esta construção da identidade não se limita apenas ao seu nome próprio, ao seu contexto familiar, mas gera um sentimento sobre si mesmo. Portanto, é na educação infantil que se constrói a autoestima, autoconfiança e segurança em si através do relacionamento com o outro e com a reação que o outro demonstra sobre suas atitudes, que deve sempre incentivar a criança tratando suas conquistas de maneira positiva.
Segundo o filósofo Mikhail Bakhtin (1992, p. 68), a criança se vê pela primeira vez através dos olhos da mãe. E com base nessa afirmação, pode-se concluir que a criança se forma a partir da posição em que ocupa socialmente. Assim como através de sua visualização, verbalização e nas atitudes que lhe são apresentadas e ajudam a criar sua autoimagem. E por outro lado, existe o diálogo do adulto com a maneira como a criança se expressa gestual e corporalmente.
 A construção da identidade começa de fora para dentro, ou seja, a criança imita o adulto, mas aos poucos suas atitudes vão tomando forma própria, por isso existe a importância de respeitar o seu “jeito de ser” e não restringir as atitudes padronizando-as.
            Para as crianças de 0 à 3 anos o professor deve planejar atividades de identidade e autonomia de maneira que elas possam refletir sobre seu modo de atuar e intervir que reconheça a criança como centro do processo, ajudando-a a se observar e observar o outro — incentivando a comparação, por exemplo. E com as maiores o professor planeja dando atenção maior a organização dos espaços e materiais com objetivos específicos para tal organização. Auxiliando-os no início do processo e diminuindo sua atuação aos poucos. Pois os pequenos desenvolvem sua identidade na interação com as expressões corporais e já os outros, no reconhecimento da representação de si mesmos de maneira mais detalhada dentro do grupo — daí a importância das atividades individuais e em grupo.

Por _Berdusco

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